A era dos cheques bancários em Angola está a chegar ao fim. O Banco Nacional de Angola (BNA) confirmou a descontinuação gradual da emissão e aceitação deste instrumento de pagamento, marcando um passo decisivo na modernização do sistema financeiro do país. Esta medida reflete a crescente preferência dos angolanos por soluções digitais mais rápidas, seguras e eficientes.
Porquê o Fim dos Cheques Bancários em Angola?
A decisão do BNA não é aleatória; baseia-se numa análise profunda das tendências e necessidades do Sistema de Pagamentos de Angola (SPA). A utilização dos cheques tem registado uma queda vertiginosa nos últimos anos, tornando-se cada vez menos relevante.
Os principais motivos para esta descontinuação incluem:
- Queda na Utilização: O volume de cheques interbancários compensados caiu drasticamente, com uma redução de 83% em termos homólogos num período recente. Dados da Empresa Interbancária de Serviços (EMIS) mostram que apenas sete províncias registaram operações com cheques em novembro, com Luanda a liderar com um número significativamente baixo.
- Riscos e Custos Elevados: Os cheques representam um nível de risco considerável para o sistema de pagamentos, além de possuírem um elevado custo de produção e exigirem avultados investimentos na renovação da infraestrutura.
- Modernização Financeira: A medida está alinhada com a Visão do Sistema Nacional de Pagamento 2023/2028 do BNA, que visa promover a eficiência, segurança e inclusão financeira através da digitalização.
Datas Cruciais para a Descontinuação do Cheques bancários em Angola
A transição será feita em duas fases distintas, para permitir que bancos e cidadãos se adaptem:
- 31 de Dezembro de 2024: Marca o fim da emissão de cheques interbancários por parte dos bancos comerciais.
- 31 de Dezembro de 2025: Será a data limite para a aceitação de cheques interbancários no sistema financeiro angolano, encerrando definitivamente o seu ciclo de vida.
As Alternativas Digitais que Ganham Terreno
A diminuição da procura por cheques bancários em Angola é um reflexo direto do sucesso de instrumentos de pagamento modernos. Angola tem visto um crescimento robusto nos pagamentos eletrónicos, com 2,5 mil milhões de operações processadas em 2024, totalizando 74 biliões de kwanzas.
Entre as alternativas mais populares, destacam-se:
- MCX Express: Uma aplicação móvel interbancária que permite pagamentos, transferências, consultas e levantamentos sem cartão, associando múltiplos cartões MULTICAIXA. É a forma mais conveniente de levar o seu banco no bolso.
- RUPE (Referência Única de Pagamento ao Estado): Essencial para a liquidação de impostos e taxas, a RUPE simplifica as transações com o Estado, garantindo praticidade e segurança.
- Transferências Instantâneas: Com a recente conclusão da implementação do Sistema de Pagamento em Tempo Real (SPTR) 24/7 pelo BNA, as transferências de fundos são agora refletidas nas contas bancárias no mesmo dia, incluindo fins de semana.
Outras inovações incluem o KWiK, um instrumento de pagamento suportado pelo Sistema de Transferências Instantâneas, e o contínuo investimento em soluções como o mobile banking e o Open Banking.
O Futuro dos Pagamentos em Angola: Mais Inclusão e Digitalização
A descontinuação dos cheques bancários em Angola é um passo crucial para um futuro financeiro mais inclusivo e digital. O BNA tem um compromisso firme em transformar desafios em oportunidades, visando um sistema de pagamentos moderno, seguro, sustentável e acessível a todos.
Iniciativas de educação e literacia digital serão intensificadas, em parceria com o governo, setor bancário e sociedade civil, para garantir que segmentos como comerciantes, taxistas e zungueiras também abracem plenamente as novas tecnologias. O foco é ampliar o acesso a serviços financeiros, especialmente em áreas rurais, e reduzir a dependência do numerário.
Com estas mudanças, Angola posiciona-se na vanguarda da transformação digital em África, promovendo uma economia mais transparente e eficiente.
Que impacto terá a descontinuação dos cheques bancários em Angola na sua vida ou negócio em Angola? Partilhe a sua opinião nos comentários abaixo!

